Lost e a Cultura Pop

Se existe algo de consenso entre a maioria dos fãs de Lost é o interesse que as referências à cultura pop que a série explora desperta. Em pelo menos um momento ao longo desses 4 anos, cada um de nós já parou e fez associações ou mesmo teorias levando em conta outras criações como filmes, livros e afins. Sendo assim, nada melhor do que trazer para o blog um pequeno apanhado feito pelo jornal Los Angeles Times sobre a relação de Lost com a cultura pop.

O Mágico de Oz

A chegada dos sobreviventes à misteriosa ilha, vindos do céu e caindo em um estranho e bizarro mundo novo, é reminiscente da chegada de Dorothy Gale em Oz. Mais tarde na segunda temporada, Ben Linus, o líder dos Outros se apresentou como Henry Gale e disse ter chegado na ilha em um balão de ar quente. O nome usado fazia referência ao tio de Dorothy e à forma com a qual o próprio mágico deixou Oz no fim do filme.

Stephen King

Vários dos bestsellers dos mestres do horror encontraram lugar na narrativa de Lost, sejam como influência ou como meros objetos de cena. A rivalidade entre os sobreviventes e os Outros é reminiscente daquela dos grupos retratados em The Stand (A Dança da Morte) de Stephen King. Charlie por sua vez, o músico viciado em heroína, se parece muito com Larry Underwood, um músico também viciado desse mesmo livro de King. Outra semelhança é que os Outros usaram Carrie como seleção para o grupo de leitura e que a jovem garota com poderes psiquicos pode ser reminiscente de possíveis poderes de Walt. Adicionalmente, a interconectividade dos personagens principais em suas vidas anteriores à ilha, lembra a coesão que King usou na série Dark Tower (A Torre Negra) para ligar todos os seus trabalhos.

O Prisioneiro

A enigmática série Sci-fi de Patrick McGoohan feita nos anos 60 tem uma grande influência sobre a ilha embora aquela série nunca tenha sido referenciada explicitamente em Lost. O misterioso monstro de fumaça lembra muito a ameaçadora bolha branca que servia como impedimento às pessoas que tentavam escapar da vila na série inglesa. Além disso, alguns dos experimentos dos Outros lembram as torturas pelas quais passou o número 6 nas mãos de seus captores.

Survivor

Antes de estrear em 2004, muitas pessoas que ouviram falar da premissa de Lost imediatamente pensaram no reality show da CBS (no Brasil o reality ganhou o nome de “No Limite” na Globo). De fato, os executivos da ABC que autorizaram o piloto de Lost, queriam recriar o status de ‘série que todos tem que ver’ que aquele reality tinha no início. Desde então, Lost ultrapassou o reality show em termos de ambição artística e de objetivos, mas ainda assim a série não deixa de lembrar de momentos icônicos do reality. Será que essa foto foi tirada antes de um confronto com os Outros ou enquanto eles caminhavam para o conselho tribal liderado por Jeff Probst (apresentador do programa)? As similiaridades são gritantes.

Júlio Verne

Dois dos trabalhos de Verne em particular, 20 Mil Léguas Submarinas e A Ilha Misteriosa, foram influências chave para Lost. Apesar do submarino que os Outros usaram para sair e voltar à ilha não ser tão exótico quanto o Nautilus do capitão Nemo, o visual era semelhante o suficiente para lembrar Verne. Porém, a referência mais explícita pode ser encontrada no romance A Ilha Misteriosa, cujos personagens principais chegam a uma ilha em um balão de ar quente.

A seleção de leitura de Sawyer

Embora o nome adotado por James Ford lembre o personagem principal do livro Tom Sawyer de Mark Twain, nunca o vimos lendo esse livro. A seleção de leitura de Sawyer no entanto, dá muitas dicas ao público sobre a filosofia e as influências dos criadores de Lost, Damon Lindelof e J.J. Abrams. Até agora, as leituras de Sawyer incluem A Wrinkle in Time (de Madeleine L’Engle), Watership Down (de Richard Adams), Of Mice and Man – Ratos e Homens (de John Steinbec), Lancelot (de Walker Percy), Hindsight – Observação do Passado (de Peter Wright), The Fountainhead (de Ayn Rand), Evil Under the Sun – Morte na Praia (de Agatha Christie) e Are You There God? It’s Me, Margaret (de Judy Blume).

O Terceiro Tira *, de Flann O’ Brien

Para quem está tentando decifrar os segredos de Lost, esse pode ser livro mais importante já referenciado na série. Ele aparece em uma estante dentro da estação Cisne no início da segunda temporada e sua aparição provocou mais vendas do cultuado livro nas semanas seguintes do que aos longo dos seis anos anteriores. Mas sobre o que é o livro? A trama gira em torno de um protagonista sem nome em um assassinato e roubo de um homem rico, e uma substância chamada omnium, que fica em uma caixa que pode se tornar qualquer coisa que o usuário deseje.

* Há quase 2 anos atrás quando o Dude, we are Lost ainda engatinhava, escrevi um resenha sobre este livro.

Lewis Carroll

Muitas referências já foram feitas aos trabalhos de Lewis Carroll, incluindo títulos de episódios como White Rabbit e Through the Looking Glass. Até mesmo a estação Dharma chamada Looking Glass escondida sob a água já serviu de referência. Em linhas gerais, o tom de Lost enfatiza o senso de desorientação e surpresa que os livros de Carroll trazem.

Myst

Damon Lindelof já reconheceu a influência do misterioso game cheio de quebra-cabeças como uma das principais influências do universo de Lost. Sem regras ou um objetivo específico, o jogo permitia aos jogadores que explorassem o ambiente e lentamente fossem revelando a verdadeira história. Isso, claro, tem muito a ver com Lost cujos personagens vão gradualmente revelando a verdadeira natureza da ilha e suas histórias.

Tudo muito interessante, não acha? Se você lembra de alguma outra referência que a série já usou divida conosco 😉

Por Davi Garcia

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27 COMENTÁRIOS

  1. Lost realmente explora assuntos interessantíssimos. Lembro muito de Matrix, que tbm usou referências semelhantes e iguais às de Lost. Quando Neo tem que seguir o “Coelho Branco”, o livro que ele pega na estante: Simulação e Simulacro. A idéia de “Isso é real? Existe um mundo simulando atrás disso?”

    Enfim…

    Ótimo post

    Valew Davi

  2. Claroo
    Clive Stalpes Lewis e sua obra de As Crônicas de Nárnia, Príncipe Caspian(ótimo)onde o primeiro capítulo do livro se chama “A Ilha” e também o sobrenome do autor com a Charlotte Lewis

    Abraço Pessoal!

  3. É muito interessante essa parte de Lost, das recorrências de outros elementos de literatura, cultura pop, etc. Mas há que ter cuidado entre um elemento de composição de cenas e/ou de personagens e um elementoq eu esteja de fato fazendo parte subliminarmente da história. Acredito que muita gente meio que viaja na maionese nas correlações e tem o risco de se decepcionar depois. Outra coisa importante que deve ser considerada é que também há muitas dessas relações que são colocadas propositalmente e aí está uma das chaves do sucesso de Lost na minha opinião, sempre instigando e estimulando a curiosidade, a série fica sendo uma constante caça ao tesouro. Por outro lado, acho que essa pode ser uma fonte de frustração grande e será o marco de se a série será conhecida como “inteligente” ou será apenas o mega sucesso em entretenimento. Digo isso porque a série começou a ser escrita com um caráter bem experimental, com base no fato único de um conjunto de sobreviventes cair na Ilha e elementos de mistério e ciência foram sendo inseridos (boa parte deles já presentes em outras criações) e tornando a série misteriosa, curiosa, criativa e tudo o que quem conhece a série sabe. A questão é saber se os criadores teram mesmo a capacidade de amarrar todas as pontas de maneira coesa, porque, sim, é necessário que elas sejam amarradas, pois tanto nas falas deles como implicitamente na própria série tudo é mostrado com uma lógica subjacente a ser descoberta e deixar de explicar algo não é uma mera “licença poética”, mas será não só frustante para o público, mas de certa forma enganoso. Urso polar, números, coincidências, espaço/tempo, gente que volta a andar, gente que revive, grandes corporações, experimentos científicos, personagens (muito) conectados de uma forma ou outra, enfim, é uma gama de elementos que pode levar à um grande final ou a constatação de que tanto mistério fora colocado apenas como isca para espectadores. Eu aposto na primeira rota, e mais uma vez espero ansioso para verificar se Lost será na minha vida um grande entretenimento ou também um marco de criação e engenho na composição. Para mim, disso depende o adjetivo “inteligente” (como diferencial) da série.

    Alexandre
    delega_cso@yahoo.com.br

  4. Vou aproveitar essa época sem novidades do LOost p ler esses livros!!!!

    Davi cadê o dudecast q vc disse q ia ter um especial vc comentando e-maisl e comentários d pessoal???

  5. uma das maiores referencias do Lost é Star Wars, o Sawyer já chamou o Hurley de Jabba, o Jin de Chewie e o Locke de Yoda, além de outras coisas, tipo o Hurley na 1ªT “Dude, it was a… Jedi Moment” hahaha

  6. Associo sempre com Star Wars pelos relacioamentos complicados entre pai e filho, a figura do anti herói, no caso o Sawyer e Han Solo.
    Tem também o relacionamento entre Locke e Walt que lembra Obi Wan Kenobi e Luke (tem uma cena especialmente significativa em que Locke ensina Walt a atirar facas que é muito parecida com a cena em que Obi Wan ensina Luke a usar o sabre de luz). Isto sem contar a frase I have a bad feeling about this proferida pelo finado karl antes de morrer.

    E lembrei até do Poderoso Chefão quando Alex morre. Como Don Corleone, Ben perdeu quem mais amava na guerra de poder.

  7. Acho que além de Matrix (citado num comentário anterior), me lembro bastante de Star Wars, principalmente na construção dos personagens.

  8. Post bacana!

    Além de outras coisas, sou fã da série Myst e realmente acho que tem muito do jogo na série, onde é preciso entrar no seu mundo para entendê-lo.
    Curiosidade ou não, quem produziu o jogo Lost: Via Domus, foi a Ubsoft a mesma que produziu a série Myst e, diga-se de passagem, deu uma pisada feia na bola com esse jogo, não sei se por culpa sua mas, que deu, deu…

    Abraço!

  9. O Sobrenome que Ben usa fora da ilha é uma referência a Moriart o Arquinimigo de Sherlock Holmes de Sir Artur Conan Doyle. É interessante como bem escolheu seus nomes falsos baseados em personagens da literatura, Gale e Moriart.

  10. Star Wars é outra obra da qual sou muito fã e, acredito que os produtores de Lost façam algumas homenagens à saga de George Lucas, por exemplo, como já citaram acima, pela boca do Sawyer. Mas, em se tratando de mitologia, acho que os produtores de Lost, George Lucas, os irmãos Wachowski, beberam na mesma fonte, a qual acredito que não há muito como escapar, nos ensaios de Joseph Campbell, O Herói das Mil Faces, A Jornada do Herói, etc., acho que é, mais ou menos, por aí…

    Abraços!

  11. Falando do Stephen King, na série ‘A Torre Negra’ o Personagem Eddie Dean lembra mais o Charlie do que o Larry Underwood.
    Eddie é viciado em heroína, na primera aparição dele no livro ele está usando heroína no banheiro do avião, como Charlie na hora do acidente. E ainda tem uma hora que na fase de recuperação, as cenas do livro lembram muito as cenas de Charlie (A loucura sem ter as drogas para matar o vício).

  12. tem também a banda JERONIMO JACKSON (axo q é esse o nome), um exemplo é na festa d aniversário de hurley depois da saida deles, ummenino está com a camisa da banda!

    e também ja vi várias cenas q mostram algo d STAR WARS. uma delas é no epi ond jack pisa no brinquedo d aaron, q é a nave dirigida por HAN SOLO

    as q eu lembro são essas xD

  13. Uma referência mais recente que encontrei foi sobre a banda Pearl Jam… O nome falso de Locke era Jeremy Bentham, certo? Uma das maiores músicas do PJ fala sobre um garoto chamado Jeremy Wade Delle, que se suicidou com um revólver .9 mm na escola em 1991… Delle era rejeitado eplos colegas, pelos próprios pais… Enfim,se sentia uma escória total…

    Outra coisa legal é tentar achar referências a “Lost” em outras séries, filmes e etc. O episódio inicial da 5ª temporada de “Cold Case” tinha algumas referências meio óbvias a Lost…

  14. Me arrepiei muito agora!
    Quando li sobre o jogo Myst na mesma hor alembrei de um jogo idêntico que joguei com meu irmão para Sega Saturno, não me lembor o ano (foi nos anos 90 creio). O jogo se chama RIVEN, e pesquisando na internet descobri que RIVEN é MYST 2. Como eu podia esquecer a experiência incrível que é jogar este jogo, um jogo tão “antigo” e com uma riqueza espetacular! Você é o único personagem de um local praticamente sem sinais de vida, e você rpecisa resolver um mistério que nem você sabe direito qual é. É como aqueles jogos “point and click” em que você rpecisa sair de um quarto. É do início ao fim uma LOST EXPERIENCE. Ó óbvio que LOST possui uma certa “referência” a este jogo. O clima é mistério do início ao fim. Sensacional!

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